A Origem
A origem precisa da técnica da filigrana ainda não foi totalmente esclarecida, porém é sabido que muitos exemplos foram descobertos por todo o mundo, sendo que as primeiras peças terão aparecido em Portugal, entre 1200 a.C. e 600 a.C., com o avanço no entendimento do comportamento dos metais, a identificação das ligas metálicas e o controlo sobre as temperaturas requeridas para soldagem, que contribuem para o aprimoramento das técnicas de manufatura e ornamentação, a partir dos quais nasceu a filigrana, que deixou uma marca significativa na história da ourivesaria portuguesa ao longo dos anos.
As referências à ourivesaria em Portugal nos séculos XI e XII, e o conhecimento sobre as peças produzidas é muito limitado, no entanto sabe-se que a filigrana estava intimamente ligada às eruditas obras de arte sacra, dado o intenso sentimento religioso medieval e a influência da arquitetura românica e gótica que se vivia nesse período.
A ourivesaria portuguesa alcança importantes avanços técnicos e estéticos no século XVII, embora com muita influência espanhola, devido ao domínio destes sobre Portugal entre 1580 e 1640. Já no século XVIII, com o benefício de uma economia em crescimento alavancada pelos metais e pedras preciosas advindos dos Descobrimentos, a produção de ourivesaria sofre um aumento exponencial, muito por conta de encomendas por parte da monarquia e do clero, com uma estética marcadamente barroca aliado a um nível técnico de elevada qualidade.
A Popularização da Filigrana Portuguesa
No decorrer do século XVIII a filigrana acaba por se tornar mais acessível e popular, deixando de ser exclusiva dos objectos sofisticados que a vinham caracterizando até então, ganhando autonomia a partir do século XIX particularmente no norte do país, sobretudo no Porto, Gondomar e Póvoa de Lanhoso - continuando estes dois últimos a ser os principais centros desta arte tradicional - sendo as características das peças destes núcleos concordantemente reconhecidas como representativas da tipologia tradicional da filigrana portuguesa, a partir das quais se espalharam para outras áreas do país, através dos costumes e festas de cada região.
A cidade de Viana do Castelo, é um marco incontornável na divulgação e preservação desta arte, nomeadamente através das festas da Nossa Senhora d'Agonia.
A Filigrana Portuguesa é considerada a antiga arte de "dourar" as mulheres desta região do Minho.
As requintadas peças de joalheria criadas com esta técnica são há muito utilizadas como acessórios valiosos para ocasiões especiais, sendo parte integrante e enriquecendo os trajes tradicionais portugueses do Minho e Douro Litoral, os mais famosos dos quais, são os de Viana do Castelo.
O coração de Viana, visto em medalhas e brincos, é a peça "mítica" mais reconhecida da tradição vianense. Como outras peças tradicionais, ele é altamente trabalhado em filigrana e é tão meticuloso e delicado que quase parece irreal.
O visual único da filigrana portuguesa vem do temperamento do seu povo - representando temas próximos ao seu coração, como religião e amor, natureza e mar - tendo-se tornado uma parte importante das sumptuosas joias do património português, pois representa sua história, cultura e tradição.
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